Presidente da Câmara Rodrigo Maia diz que aliados do governo “não podem ficar levando facada nas costas”
Foto: André Duzek/Estadão
O presidente da Câmara Rodrigo Maia elevou o nível das críticas ao governo. Nesta quarta-feira (20), ele cobrou “mais respeito” do Palácio do Planalto e disse que aliados “não podem ficar levando facada nas costas”.
A crítica veio em resposta à filiação do senador Fernando Bezerra (PE), ex-PSB, ao PMDB. O DEM, partido de Maia, estava negociando a migração do político à sua sigla e viu a movimentação do partido do governo como “fogo amigo”. Peemedebistas como os ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha, além do presidente da sigla Romero Jucá, foram alguns alvos do presidente da Câmara.
“Quando a gente faz um acordo, tem de cumprir a palavra”, disse o presidente da Câmara. Ele também fez referências diretas a Temer. “Eu já avisei o presidente, isso causou muito desconforto dentro da bancada”, criticou.
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críticas duras
Rodrigo Maia, que está presidindo o país interinamente devido à viagem de Temer ao exterior, não mediu palavras para mostrar seu descontentamento.
“A gente não pode ficar levando facada nas costas do PMDB”, “Se é assim que eles querem tratar um aliado, eu não sei o que é um adversário”, “Não virou rebelião ainda, mas há revolta”. Essas foram algumas das frases mais duras que direcionou a Temer e seus aliados.[ads1]
Planalto em alerta
O Palácio do Planalto viu com desconfiança as críticas do presidente da Câmara. O político do DEM, que preside a Câmara Federal, tem sido um dos aliados mais fortes e importantes do governo. Uma mudança de posição causaria graves danos a Temer.
Michel Temer também se irritou com o fato de Maia ter recebido, no Planalto, artistas partidários do “Fora Temer”, enquanto o presidente estava em Nova York.
Apesar dos desentendimentos, a postura do governo é não revidar e evitar atritos.
denúncia e votações à vista
As críticas do aliado vieram em um momento delicado para o governo. O presidente Michel Temer enfrentará sua segunda denúncia criminal na Câmara. De acordo com o presidente da Câmara, o trâmite será feito com a mesma imparcialidade do primeiro, apesar das recentes rusgas. A expectativa é que se vote o processo em outubro.
Além disso, o Planalto também tem como objetivo retomar a discussão da reforma da Previdência, que tem altos índices de rejeição na sociedade. A perda de um aliado que comanda a Câmara dos Deputados seria desastrosa para o governo.[ads2]